Padre Paulo Ricardo Sobre a Política
Como agir no sistema político atualmente
O Papa Francisco recordou um ensinamento grave da Igreja acerca da
participação dos leigos na política. Respondendo à pergunta de um jovem,
o Santo Padre afirmou que "temos que nos envolver na política, porque ela é uma das formas mais altas de caridade".
Questionou ainda as razões pelas quais ela está "suja": "está suja por
quê? Por que os cristãos não se envolveram nela com espírito
evangélico?". Para o Pontífice, o fiel não pode se fazer de Pilatos e
lavar as mãos. "É fácil colocar a culpa nos outros, mas e eu, o que
faço?", perguntou Francisco ao grupo de estudantes do Colégio Jesuíta da
Itália, durante um encontro na última sexta-feira, 7 de junho, no
Vaticano.
O alerta vem em boa hora, sobretudo quando se vê a aprovação de leis
cada vez mais iníquas em países de longa tradição católica. Essa
derrocada dos princípios cristãos deve-se, entre outras coisas, à
negligência dos leigos e pastores e ao relativismo de muitos políticos
que se dizem cristãos, mas na prática, professam outras doutrinas.
Embora se tente dizer que é vedado à Igreja opinar sobre questões
ligadas ao Estado, o Papa Bento XVI, por ocasião das eleições de 2010,
lembrou aos bispos brasileiros que "quando os direitos
fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores
têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias
políticas".
A legítima separação entre Igreja e Estado, instituída por Cristo
quando disse "dai a César o que é de César e a Deus o que é Deus", não
significa de maneira alguma que a moral oriunda da lei natural possa ser
relativizada no campo político. E cabe aos cristãos impedir qualquer
tentativa que caminhe neste sentido. Um documento da Congregação para
Doutrina da Fé, assinado pelo então Cardeal Joseph Ratzinger em 2002,
sobre a atuação dos leigos católicos na política ensina precisamente
isso: "não pode haver, na sua vida, dois caminhos paralelos: de
um lado, a chamada vida espiritual, com os seus valores e exigências, e,
do outro, a chamada vida secular, ou seja, a vida de família, de
trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura".
E aqui deve-se trazer à memória o testemunho contumaz de vários santos,
como São Thomas More, que sofreram o martírio por se recusarem a
obedecer leis contrárias à reta moral. Ensina o Catecismo da Igreja
Católica que "se acontecer de os dirigentes promulgarem leis injustas ou
tomarem medidas contrárias à ordem moral, estas disposições não poderão
obrigar as consciências" (1903). Ademais, continua o Catecismo, "a
recusa de obediência às autoridades civis, quando suas exigências são
contrárias às da reta consciência, funda-se na distinção entre o serviço
a Deus e o serviço à comunidade política", (2242).
Realizada na Irlanda a maior marcha pró-vida da história do país
As passeatas francesas, conhecidas como "La Manif pour tous", contrárias ao "casamento" entre pessoas do mesmo sexo, as Marchas pela Vida
que ocorrem nos Estados Unidos e, mais recentemente, na Irlanda, sendo
as maiores dos últimos anos, são também um ótimo exemplo a ser seguido
pelos demais leigos católicos. Outro fato louvável é a atuação da
ministra do Trabalho e Assuntos Sociais na Alemanha, Úrsula Von der
Leyen, que está rompendo paradigmas ao mostrar que é possível ter uma
família numerosa, mesmo trabalhando. Úrsula é mãe de sete crianças e
chama a atenção no seu país por saber conciliar os trabalhos políticos
com os cuidados do lar. Segundo a ministra, "comprovamos que sem crianças um país não pode seguir existindo, por razões econômicas e também emocionais".
A história dos últimos vinte anos mostra de maneira incisiva o declive
no qual se coloca a sociedade cristã, quando esta não assume de maneira
responsável seus encargos na esfera política. Vê-se a ascensão de
governos anticristãos coniventes com todo o tipo de perversidade e
imoralidade. Essa crise tem uma razão, diria São Josemaria Escrivá. É uma crise de santos. Somente um testemunho santo e piedoso terá a força para barrar o avanço do mal.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
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